Igreja Kiss



O pastor pediu mais fogo,
Pra queimar todo o seu povo.
Muita dança e som mais alto,
Pra irmã descer do salto.

Pouco tempo, bem depois,
Muito fogo é bom pra dois.
Bagunça e Língua estranha,
Muita cobra e muita aranha.

Escândalos sexuais,
São os neopentecostais.
O avivamento é emoção,
Buscam apenas a "unção".

O tempo vem e vai passando,
O terno está se desbotando.
O incêndio chega a oprimir,
O povo sente e quer sair.

Poucas saídas para os crentes,
Menos entradas pros doentes.
Os diáconos: seguranças,
Na porta, as cobranças.

Tem que haver o julgamento,
Pra sair de lá de dentro.
Este preço é tabelado,
Pra quem quer o outro lado.

E a porta é bem estreita,
Poucos saem desta seita.
Mas quem realmente quis,
Pôde sair da igreja Kiss.

Era mais uma religião,
Heresia, tempo em vão.
E todos têm certeza agora,
Que a salvação está lá fora.


*Dedico este poema aos vivos e aos mortos. Aos vivos, que sobreviveram ao incêndio da boate Kiss em Santa Maria. E aos mortos, que continuam, voluntariamente, em fogo eterno nas comunidades neopentecostais.

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