Os brincos da Coruja

Fui chamado e aqui estou.
Estou aqui, pronto para nadar contra a corrente, corrente da libertação de crentes já libertos, também contra os milagres que já possuem hora marcada, e contra o capitalismo meio-humano e meio-diabólico que é maquiado de Evangelho e vendido todos os dias, em todos os lugares.
Os Brasileiros assassinaram o Evangelho da graça! O Catolicismo no país mais católico do globo, conseguiu indireta ou diretamente contaminar os que protestavam contra ele. Nós, que chutamos a santa, chutamos o balde desta vez, e como os católicos e seus santos, demos início a nossa materialização da fé cristã. Através de lenços da benção, copos d’água, sal grosso, meias e até roupas íntimas, as Igrejas evangélicas e maquiavélicas estão justificando o Deus invisível.
Mas os fins não justificam os meios. Nem tudo que dá certo, é certo.
Daí, o pluralismo cristão tornou-se maior que o religioso, e por isto a guerra santa entre denominações transformou o púlpito que já possuía a sua negativa religiosidade, em uma fábrica de heresias, de novidades antropocêntricas, de prosperidades utópicas, de misticismo hipnotizante. Os líderes dinossauros do Evangelicalismo nacional estão divididos não só por milhares de ideologias, mas também por inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas (Gl 5:20-21). Pastores estão pregando contra cantores gospels. Blogs estão difamando estes pastores. Que inferno! Não aguento mais!
“Placa de Igreja salva!”: é o censo dos evangélicos. Afinal, “a mão de Deus está aqui” como diz o slogan comercial de uma igreja mundial. O marketing para atrair novos membros é monopolizar o poder de Deus. É manipular o divino.
Novos métodos: igrejoterapia, aliás, esta é a nova onda dos surfistas cristãos, que a cada maré de tempo se afogam em novidades e atualizações do Cristianismo. A igreja se tornou um clube social e o evangelho: um passatempo. Uma igreja hospital que atende em sua UTI, os desejos subjetivos e egoístas de cada um. Um espaço para desfile de moda pelos corredores eclesiásticos e um pouco de roupas indecentes. As pessoas não prestam mais cultos, porém o assistem ao lado de Deus. A ordem litúrgica é a desordem. 
Novas perspectivas: Pequenas Igrejas, grandes negócios. Aonde fomos parar? No mundo dos negócios. Com CNPJ e tudo o que temos direito. Aplausos para a Igreja. O altar evangélico que não é altar nenhum, tornou-se um picadeiro que só exibe a benção de Jesus e nunca o Jesus da benção, ou seja, expõe apenas o milagre, jamais o milagreiro. Afinal, o que um mero carpinteiro feio, pobre e que teve a morte mais indigna de todas, pode nos oferecer, além de suas curas e maravilhas? Portanto: “tragam os dízimos e ofertas em troca do milagre.” Trízimo, unção dos R$900, o aluguel de um mês e brinquedos vendidos para oferta, são alguns dos escândalos que nada diferem dos da política: caixa 2, mensalão, laranjas e outros. Parece-me que Jesus ainda grita: “...não façais da casa de meu Pai casa de negócio.” (Jo 2:16), ou seja, sem barganhas com Deus.
Mas é assim que a banda toca aqui. Talvez nem tenha mais volta. Está insuportável!
Não sei se cruzo os braços ou se levanto mãos santas (1 Tm 2:8).
...
De qualquer forma, é como disse Salomão:

Vaidade, tudo é vaidade!

Nós quatro

           Da mesma forma que o nosso nascimento físico dá início ao nosso relacionamento com os nossos pais, o nosso nascimento espiritual dá origem ao nosso relacionamento com o Deus triúno.
           Primeiro agente diz: Papai. Depois descobrimos que dele não fomos gerados, mas sim adotados. Ele, o criador de nós, os criadores do pecado, tem graça para nossa desgraça, tem misericórdia para a nossa discórdia. Afinal ele é pai sem mãe, sem creche, sem escola. É pai que não cai em desespero; é pai sozinho conosco. Papai é só para os íntimos e chegados: cristãos verdadeiros que esquentam o banco do céu.
           Não somos melhor que ninguém. Somos melhor que ninguém os mais dependentes de alguém. Este alguém é Jesus, chamado de luz, aquele cara da cruz. Como um bicho de pé, estamos aos seus pés, entrando em seu corpo, tornando-se seus membros e obedecendo aos seus comandos.
           Além deles, tem um espírito santo também, que atualmente está dentro de mim. Aliás, agora são dois dentro deste casulo. Mas é ele quem me governa e dita o meu comportamento. É ele quem me constrange quando falho no temperamento. Seu beijo é melhor do que seu tapa, mas qualquer um de seus tapas é melhor do que a sua indiferença. Ele me cutuca no Facebook; Twita com meus pecados e me faz entrar na melhor comunidade do momento: cidadão dos Céus.
           Enfim, cada um deste trio é gigante, é um rei que se relaciona com seus súditos de forma pessoal e transcendental. Não é relacionamento visível, mas é direto. Não é sensorial, mas está dentro de nós. Bate-papo com Deus é isto, consiste nisto e por isto você não vê. É fé no fato de que você não está falando com a sua imaginação; é saber que não está lendo um livro de fábulas e mitologias. Relacionamento esquenta, esfria. Ouvir cansa e falar descansa. De um jeito ou de outro, não há como escapar: ou por amor você busca a Deus ou ele te busca...pela dor.

O que vem primeiro?

Não entendemos para crer. Cremos para entender porque cremos.

Autodidatismo

          Realmente soa estranho quando ouvimos falar de um autodidata cujo talento dispensou os diplomas e certificados da universidade. Com uma facilidade para o auto-aprendizado individual e independente de um grupo de informações, é demasiadamente fácil para ele estudar sozinho com os livros, ou seja, ser um aluno sem turmas e sem professores. No entanto, em nossa esfera acadêmica, a matriz profissional tem repudiado firmemente o autodidatismo, isto é, tem feito dele um método inseguro e ineficiente para qualquer mercado de trabalho.
          A aptidão de se aprender alguma coisa na íntegra, seja por leitura, observação ou treino excessivo não pode ser descartada diante do empregador. Você tem curso? Onde está o comprovante dele? Estas perguntas-padrão feitas a candidatos de vagas em determinadas empresas, podem dar um enorme susto no entrevistador quando respondida desta maneira: Eu aprendi sozinho. E este baque aumentará ainda mais, quando o mesmo vir que a habilidade do tal aspirante é impecável para a tarefa almejada. Habilidade tal que um curso não o proporcionaria, mas neste caso um talento genético, uma dedicação exagerada ou um auto-empenho o transformou no melhor.
         Quantos são os que nunca frequentaram uma escola de canto e estão nos tops das músicas mais tocadas do momento? Dá para contar as pessoas que nunca fizeram um curso de Inglês, mas que o aprenderam perfeitamente em jogos, melodias e filmes estrangeiros? E os jogadores de futebol? Alguns que nunca tiveram a oportunidade de frequentar um time de base, mas que são descobertos ao acaso e se tornam estrelas mundiais? Raridade? Lógico. É dificílimo isto acontecer, porém é preciso sabedoria da sociedade para consagrar estes gênios e seus poderes. Não obstante, tais proezas também vão acontecer com Psicólogos que nunca matricularam-se em uma faculdade, com alguns Engenheiros que são chamados de pedreiros e com grandes Vendedores que só gostam de conversar. Será necessário novamente sensatez da sociedade.
         Desta forma, estas pessoas possuem uma capacidade profunda e intrínseca em si mesmas para o que fazem e gostam de fazer. Muitas vezes, elas nunca irão precisar de técnicas exteriores para aprimorar o seu desempenho, pois a sua idoneidade vocacional já é completa e peculiar em sua realização. Nasceram assim. Transformaram-se nisto. Aprenderam. Apreenderam. Empreenderão. São autodidatas.

Deus estranho

        De fato, são impressionantes e esquisitíssimos alguns atos Daquele que nos diz ser o nosso Criador. Seja pela limitação de nossa mente ou pela real esquisitice deste Deus, sem dúvidas Ele é totalmente estranho.
        Primeiro, Ele criou um ser que indubitavelmente iria se rebelar contra ele, não me refiro ao homem, falo de Lúcifer. Depois, criou outro cara que através da rebelião do primeiro, iria levar não só a terça parte de seus semelhantes, mas todos eles para um castigo eterno: agora, o homem. Sem nos aprofundarmos nestes acontecimentos, o que vem insistentemente à nossa imaginação quando tomamos conhecimento deles é somente uma coisa: Deus não acertou quando criou estes dois formadores de opinião. Quem não acertou fomos nós: Deus é onisciente.
        Pouco tempo se passou e Ele decidiu matar todos estes seres chamados de humanos, exceto uma família que de certa forma o agradara: a de Noé. Fora estas oito pessoas, ele afogou todos em um episódio aquático e trágico denominado Dilúvio. Entretanto, Noé era homem também, e portanto ainda estava contaminado pela rebeldia de seu ancestral. Mas por que Deus não matou a todos sem nenhuma exceção? Por que ele não extinguiu da Terra esta cadeia de desobediência apelidada de pecado? Por que deixou que continuasse da mesma forma? Não tem nexo.
        Muitos anos depois destes ocorridos, recebemos a notícia que de tanto tentar e lidar com esta sua criatura, Deus decidiu resolver o problema pessoalmente: se tornou o próprio homem que havia criado e se rebelado contra ele, para salvá-lo daquele castigo que já era a sua condenação por desobediência. Que coisa sem sentido: antes Deus cria o homem, depois se torna o próprio homem para salvá-lo do que Ele mesmo havia decretado: a sua morte. Mais uma ação incompreensível, diferente e exótica. Não sei!
        Talvez o motivo de tantas incoerências seja a Graça, este amor de graça, esta misericórdia que não passa, enfim: realmente não sei. Mas se penso Nele, me vejo com estas indagações e se não reflito a Seu respeito, acabo sem perguntas e sem respostas. O mais provável é que o ideal seja este: que ninguém O compreenda nem O alcance ou O veja. Afinal, ser Deus é algo único, intransferível e incognoscível. Portanto, para ser estranho para nós não é preciso muito, só é necessário ser transcendente, extra-humano e extraterrestre. É o caso de Deus.

Jesus só trouxe divisões

       Em Mateus 10:34-35, nosso querido Jesus diz que não veio trazer paz, mas espada, ou seja, “veio causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe, e entre a nora e sua sogra.” Contudo, além destes fatores que o Cristo desejava separar, ele acabou por dividir outros, que por sinal envolvem diretamente nossa existência: a História, a Bíblia e a nossa vida.
       De acordo com o Criacionismo, a gênese da humanidade ocorreu há cerca de 10 mil anos. Adão, o primeiro humano desta civilização, desencadeou todo o processo de acontecimentos temporais que aconteceram e acontecem, e que hoje são chamados de História. Mas então, algo inesperado ocorreu: o Egito Antigo, as guerras territoriais, o Hinduísmo, o Budismo, a filosofia grega, a ciência da China, os grandes reinos e os marcos que fizeram parte desta História, passaram a ser estudados sobre uma outra ótica linear: uma observação dividida, isto é, a partiram ao meio e colocaram neste vácuo de divisão o nascimento de Jesus Cristo, transformando a leitura do passado em “antes e depois dele.”
       Depois, com a transição entre Judaísmo e Cristianismo, surgiu um novo livro ou uma coleção deles, para complementar o Tanakh (livro sagrado dos Judeus e Antigo Testamento para nós). Este Novo Testamento que agora surge, é constituído de cartas e documentos a respeito das idéias transformadoras deste mesmo homem que partiu a História. Assim, foram constituídas as Escrituras Sagradas, e mais uma vez, o nascimento deste jovem judeu estava lá para provocar separação entre Antigas e Novas perspectivas.
       Dois milênios se passaram e agora a data de nascimento daquele Nazareno não é primordial nem fundamental. O que é significativo para os seus seguidores atualmente é somente uma coisa: a sua morte, pois é a mesma que separa a nossa vida entre não convertidos e convertidos, é ela que divide a nossa existência entre não salvos e salvos,  e foi tal que nos deu a amplitude de nossa essência e a cumplicidade de nossa missão: mostrar ao mundo que a divisão de Jesus existe para que haja uma união verdadeira e inversamente proporcional com o Pai.

Rápidas indagações sobre evangelização

Quanto custa fazer o bem?
Fazer sem olhar a quem?
Sem olhar o que a pessoa tem?
Jesus fez isto por você.

Quanto vive um homem?
70 ou 80 anos?
Esta é a média do Brasil.
Seu vizinho pode não chegar lá.

Qual é o valor de uma alma?
10 ou 20 centavos?
Assustou-se com o preço baixo?
É o valor que damos a quem não pregamos.

Por que não quero ir pro inferno?
Porque eu me amo, ora!
Mas se amo o próximo como a mim mesmo,
não devo tentar impedir que ele vá pra lá também?

Será tão difícil falar do amor?
Da graça do Criador?
De seu filho e sua dor?
De quando te salvou?
E de como nada te cobrou?

Enfim...

Durante quanto tempo você vai continuar?
A viver sem se questionar?
Sobre o ato de evangelizar?
Tá esperando o texto acabar?
Tá aguardando Jesus voltar?
O que falta pra começar?

Só falta você falar!

Imitando o sucesso

Como a água contorna os seus obstáculos, eu faço com quem me persegue.

Teologia: teoria e prática

Para ser um bom Teólogo, é preciso sair da biblioteca.

Guerra espiritual?

De um ponto de vista técnico, não há guerra espiritual, pois esta implicaria numa disputa justa de forças, e neste caso não temos dois deuses, mas um Deus do bem e uma criatura do mal.

O chato do elevador

    Falar do evangelho tornou-se um bate-papo melancólico, obsoleto e muitas vezes indigestivo. Há dois milênios, o mesmo Jesus é propagado entre as pessoas com o mesmo rosto e identidade: Filho de Deus e salvador do mundo. Entretanto, vesti-lo com uma nova roupa sem contudo furtar esta sua essência, pode ser uma nova configuração eficiente para não se transformar no chato do elevador.
      Você acha que existe alguém em sua cidade que nunca ouviu falar de Jesus? Provavelmente sua resposta será negativa. Então, para quê falar deste tal Cristo para elas? O fato é que o brilho do evangelho se perdeu no clichê e na falta de criatividade das palavras de quem o prega. Parece-me que só há um Jesus pregado na cruz e nada mais. Seus ensinamentos que mudaram o ocidente, sua psicologia estudada hoje, as curiosidades bíblicas, a antropologia de Paulo e as verdades científicas da Bíblia que podem realçar o interesse dos ouvintes, foram esquecidas como um Maracujá na gaveta.
       Além destas opções, para se apresentar o Cristianismo, mil maneiras são validas: teatro, pantomima, filmes, músicas, trocadilhos, poesia, imagens, desenhos e etc. Jesus nunca deu ênfase à nenhuma forma ou método para apresentar o seu Reino ao mundo nem postulou nada sobre modos incorretos de falar sobre o seu sacrifício. Pelo contrário, em sua trajetória como mestre, propunha métodos alternativos para ensinar os seus discípulos como: parábolas,  analogias, listas auto-explicativas e sermões bastante inovadores para a época.
     Concordo que de forma alguma estes fundamentos e ensinos podem ser alterados ou manipulados para agradar alguém ou algum grupo. O evangelho puro e simples é perfeito em sua forma e subjetividade, e não precisa de retoque nenhum de nossas mãos. Com uma mensagem cristocêntrica, o que precisamos maquiar são só os meios que usamos para alcançar as pessoas. E para tanto, é necessário desortodoxar o culto, os panfletos e nossa abordagem.
      Será muito difícil colorir com criatividade uma pregação de duas horas? Será errado vestir-se de palhaço para falar de Deus às crianças? Não é preciso misticismo ou teologia da prosperidade para atrair novos membros para as Igrejas. Não é esta a proposta do carpinteiro Jesus. Seu mandamento é: “fazei discípulos...”. Como? Usem o cérebro.