Deus, seu book e sua face

Deus para os judeus, Deus para os ateus. Deus dos cristãos, Deus dos pagãos. Deus Alá, Deus Jeová. Deus pessoal, Deus material. Afinal de contas, quem é este “sujeito-objeto” comum a tantas interpretações religiosas, sociais, filosóficas e até ateístas? É possível conhecer Deus verdadeiramente na medida em que Ele permiti ser conhecido? A resposta a esta última indagação é positiva, mas, de fato, a solução desta questão não recorre às ideologias supracitadas, às instituições que se dizem “de Deus” ou às compreensões pífias da imaginação humana sobre Ele. Em um cenário teórico, só Deus pode explicar a si mesmo, isto é, “Deus por Deus” é a única e absoluta forma de saber Dele. Sua face, portanto, só poderá ser conhecida através de seu book.

Havia três opções: “não criar”, “criar” ou “criar e se revelar”. Simples assim. Nada além disto. Deus poderia ter se mantido em segredo, no silêncio das estrelas, além das lonjuras do olhar e da reflexão humana. Mas Deus optou por uma autobiografia. Cerca de 1700 anos depois da criação, sua verdadeira obra começou. E a partir de Moisés e de sua imensa contribuição, Deus escolheu entre agricultores, pastores, pescadores, profetas, médicos, juízes e reis, 39 homens piedosos para que, através da escrita e durante 1600 anos, estes registrassem os caminhos, os atos e o relacionamento Dele para com o seu povo, o mundo e todas as coisas. A revelação, no entanto, era apenas o conhecimento de Deus e, por isto, ela não era o suficiente para torná-lo público da melhor forma. A mesma precisaria estar acompanhada de um “como e o que escrever”. A isto se deu o nome de “inspiração”.

Deus inspirou estes a que revelou de um modo especial. Ele usou o homem como canal para escrever sobre si mesmo, mas de forma orgânica e subjetiva, e não mecânica e sistemática. Leia os quatro evangelhos, por exemplo, e observe as diferenças literárias. Todos narraram os mesmos fatos. Todavia, Mateus escreveu para os judeus (mundo religioso), Marcos para os Romanos (mundo político), Lucas, o médico, para os Gregos (mundo intelectual) e João, o discípulo amado, para a Igreja que haveria de ser formada. Estas peculiaridades jamais usurpam o caráter divino da revelação, mas, pelo contrário, o confirmam, quando se é feito um paralelo com o verbo (Deus) que se fez carne (Homem) e habitou entre nós. A Bíblia, neste sentido, é como Jesus, ou seja, completamente divina em seu conteúdo, porém, inteiramente humana em sua escrita.

Contudo, podemos concluir que nenhuma religião, seita, filosofia, literatura, ideologia ou cultura, têm a capacidade de nos revelar a face de Deus. Não creia em dogmas de homens. A Bíblia diz que Deus existe; que Ele criou tudo o que existe; que governa e preserva tudo o que existe (1 Sm 2:6-8; Jó 34:14-15); que é soberano sobre tudo e todos, e não há nada que fuja do seu controle. Em essência, Ele é espírito (Jo 4:24); é grande (Jó 36;26); é justiça (Hb 12:29); é amor (1 Jo 4:8); é bom (1 Cr 16:34); é luz (1 Jo 1:5) e eternamente perfeito em toda a sua composição. Deus é o Autor e Conservador de toda a vida (Nm 16:22). Não existe outro semelhante ou além dele (2 Sm 7:22). Deus não possui origem, não está preso ao tempo e não depende de nada para existir. Tudo o que acontece, o que não acontece e o que poderia acontecer, está debaixo da Sua vontade soberana e providente. Ele não erra, não se surpreende, não improvisa, não se arrepende, não fica em dúvida e nem age ansiosamente. A essência de todos os seus atributos harmônicos e independentes entre si é a plenitude de perfeição. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação.

Diga "não!" à igreja

Não confunda mais. "Igreja" é a reunião e comunhão periódica de pessoas em nome de Jesus. "igreja" é um prédio, salão, estabelecimento, galpão ou qualquer lugar com denominação exclusiva, que serve de abrigo para a união eventual da "Igreja". A "Igreja" é importante. A "igreja" é uma opção. 

Deus não está no seu Santo Templo. A "igreja" não é a casa de Deus. Você é o templo, você é a casa (1Co 3:16-17; 6:19). A fusão dos templos ou das casas formam a "Igreja".

Então, por favor, não confunda. A "igreja" será destruída, pois é uma criação humana destituída de Deus e de graça. Não há nela nada de santo, justo ou louvável. Ele serve para o mesmo fim que um centro de Umbanda, mesquita, sinagoga ou qualquer outro abrigo religioso. É um conjunto de tijolos e nada mais. 

Não devemos respeitar a "igreja"; é ela que deve nos respeitar. A "igreja" não nos santifica; somos nós, a "Igreja", que santificamos a "igreja". Portanto, em nome da Igreja, entenda a diferença sem aspas agora. 

Afirmo então: 

Não suporto mais tirar fotos de comemoração eclesiástica, sabendo, no mesmo momento, que há Igrejas sendo oficialmente perseguidas no Oriente; que pastores e suas famílias foram enterrados vivos; e que, às vezes, é possível ser luz apenas debaixo da mesa. 

A igreja nos ensinou a pensar que só podemos fazer Igreja dentro dela, e aos Domingos preferencialmente. É mentira das paredes. Acredite! Não se acostume. Não se deixe relaxar. Você está dormindo profundamente neste barco. Acorde! Vá para Nínive. 

Levante-se contra os muros que impedem as Igrejas de saírem das igrejas. Não aceite mais as atas, os bancos, os gazofilácios, os púlpitos, os ternos, os microfones, os instrumentos, a liturgia e outros jugos como um modo de ser Igreja, porque não é. Entenda isto. 

Quebre o saleiro. Coloque a luz sobre o candeeiro. Saia, porque lá fora é sempre noite. Você ainda não percebeu como as pessoas precisam da luz que não se apaga? Nunca observou que elas jamais verão a Igreja dentro da igreja, sem que a Igreja saia de seu esconderijo chamado igreja? 

Como é possível uma Igreja celebrar o Natal dentro de uma igreja? É a coisa mais absurda do mundo. Não faz sentido. Que coesão há entre um culto missionário e uma igreja? Nenhuma. Por que ninguém entende que é necessário que a Igreja aconteça mais em calçadas, praças, pontes e ruas do que em igrejas? Em nome de Jesus, comece a pensar nisto agora. 

Poxa! Você nunca leu que Igreja é "Ekkelesia" e que é Ekklesia é ser chamado para fora. Que "chamado" é este que você ignora? Que "fora" é este que você não compreende? As palavras de Jesus eram tão complexas assim para você? Será que é mais fácil entender que "Ide por todo mundo" significa "Ide por todas as igrejas e fazei programações"? 

Pare Igreja! Stop now!

Comece a dizimar em vidas, em gente lá fora. Venha como Jesus veio, isto é, para os doentes. Pesque com seu vizinho incrédulo em um Domingo ao invés de ir à escola dominical. Não se preocupe. Não é possível faltar à Igreja, mas é possível ser Igreja na pescaria. Faça isto com outras almas, pescando-as de outra forma. Pois não há dia, nem horário e nem lugar para ser Igreja (Leia você mesmo, não sou eu quem digo: Jo 4:19-24).

Por favor, Igreja, aprenda isto hoje. Não dá mais para observar de perto tanta religião e mediocridade. Saia da igreja e pare de ver o Sol quadrado. Quantas vezes Jesus esteve no Templo de Jerusalém ou nas sinagogas? Faça a proporção e descubra onde ele gostava de estar. Enxergue os fatos. Seja imparcial. Leia os Evangelhos. Igreja, reúna-se quando e onde puder. Mas, sobretudo, diga "não!" à igreja.

Estou fraco

Não tenho mais forças para ver o caminho ser trilhado sem pistas: um cego guiando outro cego, os pilares sendo esquecidos, as pedras clamando, o avivamento tornando-se opção, o discípulo se discipulando, o dízimo sendo transformado em indulgências, o joio conduzindo o trigo, a Bíblia se enchendo de poeira e a oração sendo encarada como uma queda de braço.

Dia do Senhor

Nem Sábado, nem Domingo. O Dia do Senhor será o dia em que a Reforma Protestante não for apenas um símbolo idolatrado de restauração, mas sim a sombra propulsora de reformas que haviam de vir. Neste dia, as igrejas locais entenderão que nasceram em pecado e que foram organizadas na iniquidade. No Dia do Senhor, os crentes se verão como gente em nada superior às gentes que não se veem como crentes. Nele, os "Pastores" evangélicos aceitarão que Paulo (se não desejasse a morte para viver com Cristo e se seu coração prosseguisse batendo nestes dois milênios) continuaria escrevendo cartas de exortação a todas as denominações do mundo. A partir deste dia, os teólogos buscarão a imparcialidade perante o Novo Testamento e enxergarão o dízimo assim como veem o sábado, as carnes impuras, a circuncisão, o templo e o Antigo Testamento; as missões tomarão o lugar da Teologia e a Teologia irá substituir as revelações que só revelam soberbos. Este será o momento histórico em que as igrejas se tornarão "IGREJA" (Ekklesia - chamados para fora) para ir e vir em favor dos doentes. No dia do Senhor, existirão mais "bons samaritanos" do que Doutores em Novo Testamento e mais "Nicodemos" do que Mestres em Divindade, e o caminho, a verdade e a vida formarão a única trindade que deve ser pregada ao mundo.