Vai idade!

Esticar a face, malhar aos 60 e cuidar patologicamente da alimentação, são as atitudes escolhidas pelos hedonistas e amantes desta pele rudimentar que encobre nossa alma. Para eles, o exterior sempre jovem é um amuleto que traz consigo uma felicidade perene, que mais tarde se mostra efêmera, quando a química já não é tão mais forte que a força da gravidade. A vaidade, portanto, só existi para esconder a verdade milenar de que odiamos envelhecer.
 
Mais que uma aversão espontânea à velhice, o que nos impede mesmo de encará-la com naturalidade, são os padrões universais propostos e sutilmente impostos a todos nós, que estabelecem, desde tempos imemoriais, a falsa conclusão de que uma vida feliz somente pode ser alcançada através da beleza exterior. Para tanto, nos é dito que o processo gradativo de envelhecimento da vida deve ser encarado como uma tendência ao esgotamento do belo, ao enfraquecimento do forte e ao fim consequente e derradeiro da satisfação pessoal.
 
“Vai embora idade!” é o grito daqueles, que não só vivem das passarelas ou fotografias, mas de todos nós, apaixonados por esta vida terrena de aparências, tendências e inconsciências. Você não vive e nunca viveu para você mesmo. Pense só durante um momento sobre o porquê intrínseco de alguém pretender usar somente roupas de marca, não por sua qualidade, mas pela sua simbologia.
 
Por que uma pessoa, em pleno juízo, gastaria 5 ou 6x mais (estou sendo modesto) do seu dinheiro para comprar uma camisa – que serve exclusivamente para tampar e proteger o peito, o abdômen e as costas – que traz consigo apenas um jacarezinho bordado e colorido no canto superior esquerdo de sua frente? Este indivíduo faria isto onde ninguém conhecesse a Lacoste? Faria o mesmo em uma terra de cegos? Não! Ele o faz para ser lisonjeado pelos olhos alheios, a fim de possuir uma aprovação mais do que econômica, isto é, uma aceitação estética de suas relações imediatamente mais próximas.

A mídia, sobretudo, capitalista, forma você para viver em sociedade. A sociedade, por conseguinte, é formada de pessoas que assim como você, já foram escolarizadas pelas mídias anteriores. É como disse George Orwell: "A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa". Tudo isto tem a ver com a vaidade, com o repudio ao “tempo na pele” e com o desgosto fatídico em nossos aniversários, que tentamos esconder com velas de “?”.

Já ouviu dizer que mulher não gosta de falar a idade? É verdade! Saiba que somente uma mulher em todas as genealogias da Bíblia teve sua idade contada e publicada para o mundo: Sara (Gn 23:1). É notável, portanto, que as mulheres são mais violentadas por esta falácia da mídia do que os homens. No entanto, todos são atingidos por esta ideologia, que é tão antiga como Sara, e que desde a mesma, tem envelhecido com as gerações, porém sem morrer com nenhuma delas.

Kombi velha

“Jesus voltará!” Para alguns, é uma falácia sórdida da história; para outros, uma estória mítica e cultural. Mais que um líder religioso, um rebelde político ou um filósofo oriental, Jesus teria sido na Palestina, o primeiro homem a atribuir a si mesmo uma suposta divindade concreta. Nenhum louco e nenhuma criança até ali havia se posicionado de forma tão altruísta. Jesus trouxe espanto, aversão e morte ao contexto Judaico do primeiro século. Sem opções, este era o carma de um messias rejeitado não só em seu tempo, mas em toda a sua viagem de retorno para a “casa”, que já perdura ousados dois mil anos.

Nem Harry Houdini ou David Copperfield conseguiriam hoje reproduzir por meio de truques, o que os Evangelhos Sinóticos narram a respeito dos milagres de Jesus. Nenhum erudito que se preze atualmente se ofereceria para criar réplicas de respostas tão sutis, coerentes e transformadoras, como as que Cristo dava em discussões nos caminhos de seu ministério. Ninguém, nenhuma celebridade, por mais amada que seja, pode ressuscitar ao terceiro dia de seu confinamento eterno de morte. Se o “Jesus Histórico”, como era chamado pelos racionalistas do séc. XVIII, realizou todos estes feitos e, a partir deles, tem poder para retornar à Terra, como poderíamos provar? A Bíblia é um encadernado de papéis, organizados e escritos pelo homem – e cá pra nós – papel aceita qualquer coisa [...].
Sem dúvida, o início do ateísmo contra o Deus judaico-cristão se dá com o resultado do fato narrado em Mateus 28:11-15. No entanto, dar evidências do retorno de Cristo através da Bíblia e de documentos históricos é infantilidade apologética e trabalho inútil, pois como disse o Dr. Philip Schaff, “os incrédulos raramente são convencidos por argumentos; porque as fontes da descrença estão no coração e não na cabeça”. Por isto, não é meu intuito aqui massagear o ego humanista de céticos que se alimentam de argumentos e teses parciais para repudiar a fé. Meu desejo neste compêndio é apenas retratar através de uma fonte indiscutível que está chegando o momento da ira de Deus.

Nem os Maias, nem Nostradamus e nem Jesus, enquanto encarnado, sabiam do momento exato do fim (Mt 24:36). Por conseguinte, eu também não faço ideia do mesmo, porém, estava ciente de que não seria em 21/12/12, pois se existi uma coisa que aprendi com Salomão é que “o que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma cousa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.” (Ec 1:9,10). Aprendi com a História, portanto, que se alguém disser que o fim se dará em determinado dia, tudo poderá acontecer neste dia, menos o que disseram. Dormi em paz em Dezembro.
Mas reafirmo o postulado: Jesus está voltando e não há como negar. Está vindo como se estivesse numa Kombi antiga, que velha já não anda tão rápido, mas que, por seu motor já conhecido, dá sinais audíveis e visíveis de que se aproxima; a fumaça e o barulho que ela emite são fontes indiscutíveis de sua chegada. Não é diferente com o Cristo: “E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.” (Lc 21:11); “E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.” (Lc 21:25); “E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumo.” (At 2:19).

Se compararmos estes textos com as informações de cientistas a respeito de fenômenos contínuos e não naturais que se fazem presentes de forma crescente já a algum tempo em nosso planeta, conseguiríamos cruzá-los para concluir a veracidade da contemporâneidade das afirmações bíblicas. Contudo, digo novamente que não vou usar a Bíblia. É inútil para convencer os convencidos. Mas pensando bem, não vou também relatar aqui as estatísticas do aumento de terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, do Aquecimento Global e etc. Desisto de traduzir dados de gráficos que demonstram o crescimento destes fenômenos para dar base a minha crença de que estes são os sinais da parousia de Jesus, ou seja, de sua segunda vinda. Não me parece honesto fazer isto, até porque estas informações técnicas da Ciência se encontram em tratados científicos, e estes ainda são escritos em papeis que, assim como a Bíblia para os céticos, também aceitam qualquer coisa.

Pra não dizer que não falei de demônios

Falar deste assunto é como invocar para si uma autoridade Neopentescostal, que dá nomes, expulsa, entrevista e se relaciona com estas entidades diretamente. Realmente, não era para tanto. Porém, há também outro extremo preocupante: as igrejas “reformadas” repudiam a ênfase deste tema de tal forma, que, sem sentir o exagero de tal repúdio, acabam por ignorar e subestimar a existência de um Reino do Mal – com letra maiúscula mesmo – presente e influente no mundo, que sucumbe e aprisiona, não só pessoas, mas sistemas e sociedades em uma ideologia de indiferença.

De fato, não há guerra espiritual, pois a existência desta implicaria em uma aparente disputa justa de forças, e neste caso, não lutariam dois deuses, mas um Deus do bem e uma criatura do mal. É certo também que o corpo humano comporta apenas dois espíritos em seu casulo, o do próprio indivíduo e o do Espírito Santo ou o de algum espírito maligno. Daí, então, a conclusão óbvia é que nos verdadeiros crentes, “o Mal não toca” (1Jo 5:18). No entanto, a sugestão mais plausível é que ainda fiquemos em guarda (1Pe 5:8; Ef 6:10-16), pois não nos atingindo fisicamente, as correntes nos pés destes espíritos vão até aonde os nossos olhos podem ver e nossas mãos podem tocar. Portanto, os demônios podem sim possuir o comportamento de cristãos.

Desta perspectiva surge a importância vital de se discorrer a respeito deste tema. Além de pessoas, o Diabo está da mesma forma em músicas, games, filmes, seriados, novelas, revistas, livros de autoajuda, igrejas, animais, objetos, e até na Bíblia, como tantas igrejas insistem em ignorar. É interessante pensar no racionalismo aparentemente bíblico com o qual estas igrejas estão contaminadas. Se algum membro alienado destas instituições observasse os mesmos casos diante dos quais Jesus se deparou, todos seriam encarados e classificados como fruto de distúrbios mentais. Mas o médico dos médicos não dominava apenas a Psiquiatria.  

Ele expulsou espíritos em Cafarnaum (Mc 1:23-27), afastou os demônios do geraseno (Mc 5:1-14), o qual nenhuma camisa de força conseguiria segurar; subjulgou o capeta de uma criancinha (Mc 7:24-30), de um jovem possesso (Mc 9:14-29) e curou uma mulher com uma doença de coluna causada por um espírito de enfermidade (Lc 13:10-13). Agora você acredita nisto ou ainda acha que isto é coisa do R.R Soares? Crentes intelectualizados assim, com certeza, jamais conseguiriam concluir que um impedimento como o de Paulo pudesse ser uma ação do próprio Diabo (1Ts 2:18).

Infelizmente, mesmo diante desta compreensão, ainda pede-se licença nos púlpitos para se mencionar, e só quando a Bíblia menciona, o nome genérico destes anjos caídos, ou seja, os demônios. Há a necessidade sim de se dialogar a respeito deles. Jesus falou 10 vezes mais do inferno do que do céu e mais dos anjos do Diabo do que dos de Deus. O motivo é simples: Ele não veio para nós, já selados com o Espírito Santo, mas para os doentes, os quais a Igreja deve se empenhar para alcançar (Mt 9:12,13). O dom de “discernimento de espíritos” às vezes servirá para isto (1Co 12:10). E é através dele que as igrejas históricas precisam enxergar que todos os homens a se pescar, são, de um jeito ou de outro, possuídos em potencial.

Minas de Salomão

Pergunta: Por que Salomão tinha tantas minas de ouro? (1Re 10:14-21)

Resposta: Porque ele tinha 1000 minas para sustentar (1Re 11:3)

Conclusão: Nem tudo é o que parece. Agora você entende porque Deus ordenou a monogamia? (Gn 2:24). Elas nunca foram fáceis.

Dois mundos

À direita do ônibus,
Olhos nas janelas,
Lá fora os indigentes,
Nas calçadas da favela.

Olhavam e desolhavam,
Conversavam e disfarçavam,
Olhavam e se escondiam,
Olhavam e não contiam.

Realidade além do ônibus,
Outra vida, outra história,
Um destino diferente,
Agora posto na memória.

A cena é de cinema,
Já foi capa de revista,
Assim, o crime e o crack,
São comprados só à vista.

Cada passageiro,
Com uma opinião,
Sociologia na cabeça,
Nenhuma solução.

Rodas rodam mais depressa,
De um jeito anormal,
Pisa fundo o motorista,
Pra não virar cartão-postal.

O pesadelo já passou,
Alguns agradeceram,
Mais um dia, outra vez,
Todos esqueceram.

Fábrica de chinelos

É contestável que o Evangelho transforma. A forma na qual somos criados e pela qual passamos a existir quando somos concebidos, é pautada em um certo orgulho transcendente de vida. Sentimos após a consciência da idade, uma presença interna de algo único e intransponível: o “Eu”. Mas posteriormente, este sujeito identificado e desenvolvido, passa a gerar soberbas autoestimas em nós, o que nos interioriza e nos transforma em indivíduos. Daí, o Evangelho só pode nos destransformar.

Apenas, única e exclusivamente Jesus pode trazer-nos a humildade, as sandálias de pau, os chinelos que simbolizam a ausência da elite, dos aplausos, dos elogios, do tapete vermelho. Só Ele - um Deus conosco - lavando os pés de seus discípulos (Jo 13:4,5), pode lavar nossos olhos para nos mostrar que ainda somos como a neblina que aparece e logo se dissipa (Tg 4:14), que nossas justiças são trapos de imundícia (Is 64:6) e que não passamos de cacos de barro (Is 45:9).

O Reino de Deus, portanto, é uma indústria que fabrica pessoas de verdade, como deveriam ser, ou seja, gente gentil de coração, simpática de alma, humilde de espírito, que pode se achar apenas como a última Coca-Cola de uma boa adega de vinhos. Crente desta estirpe é quem o Pai procura para lhe adorar (Jo 4:23). Ele não quer filactérios alargados ou franjas alongadas (Mt 23:5), nem deseja orações na praça (Mt 6:5) ou jejuns inconsequentes (Mt 9:14,15). Deus apenas caça como um caçador faminto, pessoas que reconheceram sua condição precária e dependente de Graça.

Destransformar o "super-homem", então, é uma ação espiritual das “Boas Novas”, que traz consigo implicações de vida prática e conceitual. Ser formado do pó da terra não é uma composição química muito superior nesta Terra. Que lembremo-nos disso pelo menos na hora de morrer, e que batamos no peito hoje, não com o significado pejorativo da atualidade, mas com a compreensão histórica do publicano frente à do fariseu (Lc 18:9-14), que o fez assumir sua posição de pecador, obtendo assim o Reino dos Céus e sua, enfim, glória e exaltação (Mt 5:3).

Deus no octógono

Ao que parece às igrejas neopentecostais, Deus concede um poder de super-homem aos novos convertidos, algo como o raio de Zeus para os mortais. “A oração tem poder” é um jargão evangélico arcaico e mais poderoso que a própria oração, pois ao mesmo tempo que esta é, de fato, apenas um instrumento para invocar os desejos de Deus, nós, através deste provérbio, a transformamos em um “feitiço contra o feiticeiro”, pois a usamos rotineiramente para encurralar Deus no octógono, com o propósito de retirar o cinturão de Sua vontade.

Esta queda de braço é antiga, porém tomou um corpo mais tangível com o advento do Neopentecostalismo. Determinar a bênção, marcar hora para o milagre e requerer direitos supostamente adquiridos, é, sem margem de erro, se posicionar como quem é superior à divindade invocada, que, para tanto, passa a ser serva e funcionária de quem esfrega a lâmpada. A oração, neste sentido, é um método intelectual para manipular um deusinho bom e submisso, com argumentos fatídicos de que, não os pedidos, mas as imposições realizadas, são o melhor para quem está do outro lado da linha. Lembro-me das palavras insensatas de um homem chamado João Batista, que se dizia o profeta desta nação: “Se Deus não te der a bênção, nós subiremos e daremos uma bicuda na porta do Céu, entraremos e tomaremos a benção.” Tal chute não seria um golpe de MMA?

Isto acontece por todo o lado; por todos os 8 lados do octógono espiritual para o qual desafiamos Deus na pós-modernidade. Mas a verdade é que Ele não se presta, como o gênio da lâmpada, a realizar os nossos desejos e nem está à nossa disposição como este está em suas estórias e romances. A oração é um ato de humilhação para se dizer a Deus que nada se pode fazer, e que não se pode nem terminar a mesma oração sem o agir constante Dele. “Contudo, não se faça a minha vontade, mas a Tua.” (Lc 22:42), foi o que o próprio Jesus disse em angústia e aflição no caminho de sua morte. Apesar do sofrimento efêmero, ele tinha a certeza de que o Pai, dotado de uma eternidade de experiências, conhecia o final derradeiro daquela história, pois era ele mesmo o seu próprio designer. A evidência incontestável é que o Cristo ressuscita ao terceiro dia.

Deu certo com Jesus! Sempre vai dar quando agirmos como o mesmo. Isto significa que precisamos aprender com ele, pois sua vontade era que aquele cálice de sofrimento passasse de fato. E se Deus o atendesse naquele momento? Meus pecados não estariam perdoados e, portanto, este texto nunca seria escrito por mim. Você, por conseguinte, jamais leria um artigo no qual estivesse a palavra “Deus” em seu título. Portanto, a vontade Dele é a única coisa à qual devemos identificar e considerar diante do que queremos. Nossa ilusão é pensar que estamos observando uma lógica em nossos projetos, de tal forma que não haverá falhas ou surpresas, de maneira que não precisamos de outra vontade além da nossa, e de modo com que os nossos caminhos e pensamentos fossem maiores que os Dele (Rm 11:33). Depois olhamos para trás, e percebemos que nada poderia ser diferente do que Ele queria.

Às vezes, Ele parece demorado e tardio em nos defender (Lc 18:7), mas tal fato é só fruto do nosso ponto de vista. O único motivo pelo qual Ele sabe o futuro, não é porque ele é Deus, mas sim pelo simples fato de que é Ele quem o cria, e que por isto, “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amam.” (Rm 8:28), ou seja, Ele constrói o futuro baseado em nosso amor para com Ele. Então só ame, só chore, só peça, só clame, só se derrame perante a Sua grandeza. Deus não é manipulável, nem convencível, e não pode ser usado em nosso favor. Chega de chamá-lo ao octógono para dizer o que deverá ser feito. Você não faria isto com o Anderson Silva, não é mesmo?