Falar
deste assunto é como invocar para si uma autoridade Neopentescostal, que dá
nomes, expulsa, entrevista e se relaciona com estas entidades diretamente. Realmente,
não era para tanto. Porém, há também outro extremo preocupante: as igrejas “reformadas”
repudiam a ênfase deste tema de tal forma, que, sem sentir o exagero de tal
repúdio, acabam por ignorar e subestimar a existência de um Reino do Mal – com
letra maiúscula mesmo – presente e influente no mundo, que sucumbe e aprisiona,
não só pessoas, mas sistemas e sociedades em uma ideologia de indiferença.
De fato,
não há guerra espiritual, pois a existência desta implicaria em uma aparente
disputa justa de forças, e neste caso, não lutariam dois deuses, mas um Deus do
bem e uma criatura do mal. É certo também que o corpo humano comporta apenas
dois espíritos em seu casulo, o do próprio indivíduo e o do Espírito Santo ou o
de algum espírito maligno. Daí, então, a conclusão óbvia é que nos verdadeiros
crentes, “o Mal não toca” (1Jo 5:18). No entanto, a sugestão mais plausível é
que ainda fiquemos em guarda (1Pe 5:8; Ef 6:10-16), pois não nos atingindo
fisicamente, as correntes nos pés destes espíritos vão até aonde os nossos
olhos podem ver e nossas mãos podem tocar. Portanto, os demônios podem sim
possuir o comportamento de cristãos.
Desta
perspectiva surge a importância vital de se discorrer a respeito deste tema. Além
de pessoas, o Diabo está da mesma forma em músicas, games, filmes, seriados,
novelas, revistas, livros de autoajuda, igrejas, animais, objetos, e até na
Bíblia, como tantas igrejas insistem em ignorar. É interessante pensar no
racionalismo aparentemente bíblico com o qual estas igrejas estão contaminadas.
Se algum membro alienado destas instituições observasse os mesmos casos diante
dos quais Jesus se deparou, todos seriam encarados e classificados como fruto
de distúrbios mentais. Mas o médico dos médicos não dominava apenas a
Psiquiatria.
Ele expulsou
espíritos em Cafarnaum (Mc 1:23-27), afastou os demônios do geraseno (Mc
5:1-14), o qual nenhuma camisa de força conseguiria segurar; subjulgou o capeta
de uma criancinha (Mc 7:24-30), de um jovem possesso (Mc 9:14-29) e curou uma
mulher com uma doença de coluna causada por um espírito de enfermidade (Lc
13:10-13). Agora você acredita nisto ou ainda acha que isto é coisa do R.R Soares?
Crentes intelectualizados assim, com certeza, jamais conseguiriam concluir que
um impedimento como o de Paulo pudesse ser uma ação do próprio Diabo (1Ts 2:18).
Infelizmente,
mesmo diante desta compreensão, ainda pede-se licença nos púlpitos para se
mencionar, e só quando a Bíblia menciona, o nome genérico destes anjos caídos,
ou seja, os demônios. Há a necessidade sim de se dialogar a respeito deles.
Jesus falou 10 vezes mais do inferno do que do céu e mais dos anjos do Diabo do
que dos de Deus. O motivo é simples: Ele não veio para nós, já selados com o
Espírito Santo, mas para os doentes, os quais a Igreja deve se empenhar para
alcançar (Mt 9:12,13). O dom de “discernimento de espíritos” às vezes servirá
para isto (1Co 12:10). E é através dele que as igrejas históricas precisam
enxergar que todos os homens a se pescar, são, de um jeito ou de outro,
possuídos em potencial.
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