Dois mundos

À direita do ônibus,
Olhos nas janelas,
Lá fora os indigentes,
Nas calçadas da favela.

Olhavam e desolhavam,
Conversavam e disfarçavam,
Olhavam e se escondiam,
Olhavam e não contiam.

Realidade além do ônibus,
Outra vida, outra história,
Um destino diferente,
Agora posto na memória.

A cena é de cinema,
Já foi capa de revista,
Assim, o crime e o crack,
São comprados só à vista.

Cada passageiro,
Com uma opinião,
Sociologia na cabeça,
Nenhuma solução.

Rodas rodam mais depressa,
De um jeito anormal,
Pisa fundo o motorista,
Pra não virar cartão-postal.

O pesadelo já passou,
Alguns agradeceram,
Mais um dia, outra vez,
Todos esqueceram.

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