Eu sou a Bíblia

Tudo começou com Sócrates, quando este afirmou confiante: "Uma vida não analisada, não vale a pena ser vivida". Depois, através de dialéticas veementes, este conceito tornou-se clássico e, para a filosofia racionalista, tanto quanto para os mestres hebreus, transformou-se em uma peça fundamental para manter uma ordem de existência, ou seja, primeiro se entende, depois se vive. Teólogos conservadores, desde tempos imemoriais, vêm, então, confirmando esta herança socrática para todas as gerações, pregando uma "avaliação" que é sempre superior a qualquer "experiência". No entanto, é certo que Jesus repreenderia todos eles, lecionando-lhes o oposto: "Uma vida não vivida, não pode ser analisada".

A Palavra de Deus, consolidada na escrita da Bíblia, parece ser, diante deste socratismo teológico, um padrão oficial de diagnóstico da realidade, em que ensaios e testes com os textos bíblicos, são necessários para conclusões sistemáticas sobre a vida. Entretanto, não é para tais propósitos que Deus decidiu se revelar. A Bíblia - quando lida a partir de Jesus - mostra-nos claramente que a Palavra desceu dos céus para habitar em homens. "Jesus", enquanto ser temporal, regional e histórico, foi apenas um instrumento carnal no qual a Palavra, isto é, o Filho de Deus, decidiu nascer e se encarnar (Jo 1:1). A escrita, como canal transcendente neste sentido, serve, portanto, para que Deus, através das eras, possa colocar sua Palavra em seus filhos, formando assim Escrituras vivas.

Por isto, assim como Jesus, você pode se tornar uma Bíblia Sagrada também, pois a Bíblia, escrita ou encarnada, é qualquer canal que contenha a Palavra de Deus. Você com sua linguagem atual, sua contextualização do incontextualizado, seu comportamento cristocêntrico, suas doutrinas práticas, suas leis de amor, seus dogmas de serviço e seu apocalipse de perdão, têm preceitos de uma Bíblia viva, que anda, fala, adverte, edifica e que entra em países antidemocráticos sem a Bíblia-livro, mas completamente preenchido pela verdade teológica sobre a existência humana. Você pode ser o Novo Testamento que continua sendo escrito a cada sessão de amor ao próximo. Leia os Evangelhos e as cartas de Paulo todos os dias, mas saiba que isto só serve para que você sirva.

Somente uma vida espiritual vivida desta forma, pode, concomitantemente, ser pesquisada nas páginas físicas da Bíblia-livro. Pois do contrário, se a espiritualidade ainda permanece morta e estancada, como o indivíduo morto poderia dissecá-la em pedaços e detalhes? Não é possível. Eu sou a Bíblia! A Palavra faz sentido ao mundo quando ela mora dentro do meu peito. Há um sermão do monte escrito no meu coração, que compartilho em vales, ruas, praças, tribos e povos. A análise de tudo isto é de segunda importância, porque a mesma tem de se curvar a uma trindade bem mais teologicamente necessária: o caminho, a verdade e a vida. Aprenda isto hoje e passe mais esta página. E entenda, de uma vez por todas, que Deus ainda escreve Bíblias.

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