Autismo conjugal

Casal que não se casa periodicamente não é par que se preze. E não me refiro somente à vida sexual, falo de vida conjugal. Qualquer união que se autodefina como casamento, pode não desejar, mas necessita urgentemente de um autismo a dois, ou seja, de um momento de “egoísmo matrimonial” e afastamento do mundo e seus jugos.
          Milhares de casais que já passaram pelo cartório e pelo altar, nunca se aproximaram do que realmente seja um casamento. Casar não é ignorar o outro no corredor, não é tratar o cônjuge como simples companhia em dias de carência e muito menos é dobrar o tamanho da cama de solteiro. Casamento não é brincar de casinha. Mas é sim um entrelaçamento de dois corpos, de duas almas e de duas individualidades que querem viver juntos as dores e as delícias da vida cotidiana. É a unicidade de duas histórias, de dois conjuntos de experiências e perspectivas, e também de muito pênis e vagina.
          Transar sempre na mesma cama, no mesmo quarto, com as mesmas posições e mesmas roupas (quando acontece!), não é a melhor opção para quem busca prazer na maior demonstração de amor conjugal: o sexo. Mas além dele, homem e mulher que um dia juntaram as escovas de dente, precisam de um tempo diário juntos, para se sentirem, se entreolharem, se tocarem com carícias e ternuras, e o mais importante: para dialogarem. Afinal, é o bate-papo íntimo na beirada da cama que muitas vezes atravessa várias barreiras emocionais e resolve problemas que antes eram gigantes.
          O tempo não serve para esfriar o relacionamento, mas para amadurecê-lo. E para tanto, a relação dos casais modernos, precisa ser recheada dia a dia, noite a noite, por novidades, surpresas, loucuras, ousadia, idéias, criatividade, pró-atividade, romantismo e uma intimidade profunda de segredos, desejos e muitos gemidos de alegria. Falta de educação broxa mesmo! Ausência de compreensão provoca infelicidade e muitas divisões.
          Contudo, o ideal para qualquer matrimônio são momentos de isolamento de tudo, seja filhos, trabalho, igreja ou qualquer outro tipo de socialização. Um período de viver um mundo próprio dos dois, assim como um autista o vive durante toda a sua vida. Uma ocasião de silêncio da televisão, de desligar os celulares, de trancar a porta e esquecer o planeta que os rodeia, lembrando-se apenas do amor que os une e faz deles uma unidade indivisível e eterna.

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