Sabem da história, dos títulos e
da carreira dos 11 convocados para a Seleção. Desconhecem, no entanto, os nomes
dos jogadores de um time bem mais decisivo em suas vidas: os dos 11 ministros
do Supremo Tribunal Federal.
Acostumaram-se a assistir o Big
Brother Brasil em Janeiro, que diz a todos que as pessoas normais são malhadas,
formadas, belas e brancas, visto que há uma cota implícita de no máximo 10% de
negros por programa.
Tudo o que atravessa suas
fronteiras, o que pousa no aeroporto de Guarulhos ou o que é trazido na bagagem
de algum estrangeiro, aqui é reinventado e se torna idolatria, uso
inconsequente, vício frenético, malandragem ou assunto pra VEJA.
Nunca assistiram televisão como
fonte formal de informação. Veem só três canais, com audiência maior em
programações sensacionalistas, odeiam documentários da Futura, reforçam
hidrelétricas para o último capítulo de novelas populares e juram de pés juntos
que Pelé e Roberto Carlos são realmente reis.
São totalmente anti-políticos e
acham que trabalhar no banco, ser mecânico ou motorista, é muito mais difícil
que ser Presidente de um país continental como o Brasil. Insistem em pensar que
o vereador não faz parte do Legislativo, mas que sua função é mandar construir
muros de arrimo e conceder seu carro para favores à comunidade.
É o país do jeitinho, da
pluralidade de etnias e do “entra e sai” de quem quiser. “Nunca desistir”
supostamente é uma frase biológica que se acredita existir no sangue
brasileiro. Mas na verdade, não significa nada para o comportamento nacional.
É também o único país do mundo a
afirmar que Deus é natural de suas terras. “Deus é brasileiro”, nunca ouviu
falar? Tomara que os israelitas não levem a mal.
É uma nação que apesar de se
declarar democrática e anti-monopólio, possui um partido, um canal de TV e um
esporte que dominam os rumos, as decisões e o sentido aparentemente patriota de
se viver aqui.
Possui o governo das
incoerências, que proíbe jogos de azar, mas que promove os jogos mais azarentos
e rentáveis do mundo: a Mega-Sena e suas adjacentes. Mas parece que falta de
nexo não é um problema para os brasileiros. Em seus comerciais de cerveja, as
únicas mulheres que não bebem esta bebida, devido ao que ela faz com o abdômen,
é que são suas protagonistas: “as gostosas!”, como diria qualquer jovem por aí.
É isto. Este é o Brasil segundo
os brasileiros. Mas sem falar, é claro, do relacionamento com a Amazônia, com o
Carnaval, com as comidas, com as mulheres, com as danças, com as músicas, com
as cores e com as praias. E há algum motivo pra terminar por aqui e não falar
sobre coisas tão importantes? Óbvio que sim! Se o brasileiro não lê mais que quatro
livros por ano, ele leria mais de uma página por dia?
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